"Quanto a nós, embora possamos considerar um conjunto de fatores, como o são a motivação e auto-estima do aluno e o envolvimento dos pais, entre outros, será a qualidade do ensino ministrado que fará a diferença. A paciência, o apoio e o encorajamento prestado pelo professor serão concerteza os impulsionadores do sucesso escolar do aluno, abrindo-lhe novas perspetivas para o futuro." Luís de Miranda Correia, in Dificuldade de Aprendizagem. Que são? Como entendê-las?, Coleção Educação, Porto Editora
Nos últimos 20 anos o número de alunos em Portugal com DA aumentou, tendo passado de umas dezenas de milhar para mais de uma centena de milhar. É um grupo heterogéneo, ao qual o apoio nas escolas falta, o que conduzirá a situações futuras de abandono escolar, delinquência, toxicodependência, alcoolismo, desemprego. Em Portugal continuamos a discutir o conceito, enquanto que nos EUA, por exemplo, desde 1962 que Samuel Kirk, considerado o pai das DA, o investiga.
Em Portugal usa-se o termo dificuldades de aprendizagem em dois sentidos distintos: o lato e o restrito. No sentido lato o termo diz respeito a todo o conjunto de problemas de aprendizagem; no sentido restrito refere-se à incapacidade ou impedimento para a aprendizagem numa ou mais áreas académicas, podendo até envolver a área socioemocional.
Mas, então, o que são as DA?
Numa perspetiva orgânica são desordens neurológicas que interferem com a receção, integração ou expressão de informação, caracterizando-se por uma discrepância acentuada entre o potencial estimado do aluno e a sua realização escolar, isto é, a performance não é coincidente com o QI. Numa perspetica educacional diz respeito a uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, da escrita ou do cálculo, ou para a aquisição de aptidões sociais.
As DA não são o mesmo que deficiência intelectual, deficiência visual, deficiência aiditiva, perturbações emocionais, autismo!
Um aluno não terá dificuldades de aprendizagem (DA) quando os seus problemas de aprendizagem são devidos principalmente a uma privação sensorial, a deficiência intelectual, a perturbações emocionais, a fatores ambientais ou a diferenças culturais...
O que causa as DA?
As causas das DA mantêm-se desconhecidas na maioria dos casos. No entanto, presume-se que tenham a sua origem no sistema nervoso central, ou seja, têm uma origem neurológica.
Que fatores?
Os fatores podem ser pré natais, como hereditariedade, excesso de radiação, uso de álcool e/ou drogas durnate a gravidez, insuficiências placentárias, incomaptibilidade Rh com a mãe, parto prolongado ou difícil, hemorragias intracranianas durante o nascimento e anoxia, ou pós natais, como traumatismos cranianos, tumores, derrames cerebrais, malnutrição, substâncias tóxicas, negligência ou abuso físico.
Como identificar e a avaliar as DA?
A identificação deve ser o mais precoce possível através da observação cuidadosa dos comportamentos da criança por parte dos educadores e dos pais. Existe um conjunto de sinais contínuos e frequentes, que ao serem observados devem ser registados em tabelas de verificação (Escala de Comportamento Escolar (Correia, 1983)/Lista de verificação do Centro nacional Americano para as Dificuldades de Aprendizagem (1997)).
Não existem indicadores isolados para a identificação das DA.
Todo o processo de identificação e avaliação deve ocorrer em colaboração, possibilitando a elaboração de uma primeira intervenção educativa. Devem ser determinados os serviços adicionais-Serviços de Educação Especial- necessários para maximizar o potencial do aluno. Deve ser constituída uma equipa multidisciplinar, que engloba os pais, o professor do aluno, o professor de Educação Especial, os médicos, o psicólogo, o terapeuta da fala, entre outros considerados necessários.
O aluno só deve ser considerado com DA se o seu funcionamento intelectual estiver na média ou acima dela; se existir uma discrepância significativa entre o seu potencial estimado e a sua realização escolar; e se o seu insucesso escolar for devido a problemas numa ou mais das seguintes áreas: fala, leitura, escrita, matemática e raciocínio. Salienta-se ainda que problemas de concentração e de atenção, de memória e de ajustamento social são também comuns nos alunos com DA!
Que modalidades de atendimento/tipo de serviços para o aluno com DA?
A lei em Portugal requer que todo o aluno tenha acesso a um conjunto de serviços adequados às suas necessidades, na classe regular sempre que possível. Para os alunos com DA deve ser considerado um conjunto de fatores que podem facilitar/promover a sua parendizagem: a reestruturação do ambiente educativo, a simplificação das instruções das tarefas escolares, o ajustamento de horários, a alteração de textos e de trabalhos de casa, o uso das TIC, a alteração das propostas de avaliação e, quando necessário, serviços adicionais, como a psicologia, a terapia da fala, a terapia ocupacional, serviços clínicos e sociais.
in Dificuldade de Aprendizagem. Que são? Como entendê-las?, Luís Miranda Correia, Ana Paula Martins, Coleção Educação, Porto Editora