segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O fim do primeiro semestre aproxima-se e cumpre-me o dever de "fechar" o blog para avaliação.
Ao longo de todo o semestre fui postando alguns links de interesse para a temática das NEE e especificamente das TIC ao serviço das NEE, tentando trazer algumas novidades, das quais destaco o software para trabalhar as emoções no Espetro do Autismo. Nele partilhei sobretudo as minhas leituras, que em muito me ajudaram em cada uma das unidades curriculares. Fui revendo o blog e corrigindo alguns erros à medida que evoluia e amadurecia no conhecimento adquido nas aulas. Sinto-me agora mais confortável para falar das DAE, sem medo de não chamar as coisas pelo nome. Por fim, deixo a promessa de manter o blog vivo, usando-o como ferramenta de trabalho e de divulgação dentro da área. A todos o que me ajudaram ao longo deste percurso, docentes das unidades, colegas e amigas de mestrado, obrigada. Estou cada vez mais certa que encontrei o meu caminho!:)

domingo, 5 de janeiro de 2014

Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes Regulares

Durante o seu percurso escolar, uma em cada 10 crianças necessita de apoio especializado, adaptado às suas necessidades e interesses. Qual será a melhor forma de ajudar uma criança a aprender? Temos que considerar os direitos fundamentais à educação e à igualdade de oportunidades, bem como as práticas educativas. Em primeiro lugar, devemos compreender o contexto em que a educação da criança acontece, considerando um continuum no processo de ensino-aprendizagem que enfatize a planificação e a programação individualizadas. Deste modo, é na escola da área onde reside, com os pares sem NEE, que se deve processar o percurso educacional da criança com NEE, tendo por norma os princípios da integração e da inclusão. É a responsabilização da escola regular pela educação de todos os alunos, independentemente dos problemas de aprendizagem que cada um deles possa ter. Mas tal exige por parte da escola modificações no processo de ensino-aprendizagem, e nem sempre é assim. Por isso, é frequente haver alunos com NEE nas classes regulares sem qualquer tipo de apoio. Não basta colocar fisicamente a criança com NEE na escola regular! É obrigatório efetuarem-se as modificações curriculares necessárias para que tenham sucesso. Para que o sucesso seja alcançado, é urgente um sistema de avaliação e programação onde o professor do Ensino Regular e da Educação Especial cooperem, envolvendo os pais, peça fundamental em todo o processo.

"...como educadores dos anos 90, cabe-nos um papel preponderante: o de defender os princípios consignados na Constituição Portuguesa, na Lei de Bases do Sistema Educativo e no Decreto-Lei 319/91, de 23 de Agosto, que, numa palavra, proclamam que toda a criança deve ser tratada em pé de igualdade e de imparcialidade em matéria de educação. É, portanto, da nossa responsabilidade  fazer com que toda a criança com NEE, não obstante a severidade da sua problemática, receba uma educação apropriada, pública e gratuita, de acordo com as suas características e necessidades específicas."


in Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas Classes Regulares, Luís de Miranda Correia
Coleção Educação Especial, Porto Editora

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Compreender a Dislexia

A Dislexia caracteriza-se por uma dificuldade frequente em processar informação de caráter fonológico, ou seja, dificuldades na identificação, articulação e uso dos diferentes sons da língua.

Os padrões de dislexia típicos são:

-inversão de letras na leitura e na escrita;
-omissão de palavras na leitura e na escrita;
-dificuldade em converter letras em sons e em palavras;
-dificuldade em recuperar da memória sons e letras;
-dificuldade em aprender o significado a partir de letras e de sons.

É necessário que a ocorrência destes padrões seja consistente e recorrente para que se possa diagnosticar dislexia a uma criança.

Causas?

Apesar de grande parte das definições de dislexia reconhecer a ocorrência de um tipo de perturbação grave da leitura, não existe concordância e clareza quanto à sua causa. A posição que recebe mais apoio é de que a dislexia é uma desordem do foro neurológico, caracterizada por frequentes inversões de letras e de palavras. Existem provas de que é causada por um mau funcionamento de certas áreas do cérebro ligadas à linguagem. As células cerebrais dos disléxicos encontram-se organizadas de forma diferente dos indivíduos que não apresentam dislexia, revelando um maior número de células nervosas deslocadas e organizadas de forma não usual, com um padrão diferente de distribuição, em especial nas áreas corticais da linguagem. Nos disléxicos o tecido nervoso da região temporal do córtex cerebral é maior no hemisfério direito do que no esquerdo. É também detetada com frequência herança genética na família.
 
in Compreender a Dislexia, um guia para pais e professores, Kathleen Anne Hennigh


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Learning Disabilities

"It became increasingly clear that for educational change to be both beneficial and lasting, it must include strengthened collegial relations. We need one another's viewpoints (...) we all need a far more comprehensiveviw of the complexities of classroom life, especially as these affect youngsters with learning disabilities."
 
Katherine Garret, in Thinking about inclusion and learning disabilities. A teacher's Guide, DLD

Over time, a number of LD definitions have been proposed, but none emerged as an unequivocal favorite. Presently, the two definitions enjoying the greatest support in the USA are the legislative definition found in the Individuals with Disabilities Education ACT and the one proposed by the National  Joint Committee on Learning Disabilities.
The first formal definition was offered by Samuel Kirk (1962) in the text Educating Exceptional Children:

"A learning disability refers to a retardation, disorder, or delayed  development in one or more of the processes of speech, language, reading, writing, arithmetic, or other school subjects resulting from a psychological handicap caused by a possible cerebral dysfunction and/or emotional or bahavioral disturbances. It is not the result of mental retardation, sensory deprivation, or cultural and instructional factors."

This definition was the first to introduce the notion of psychological process disorders, focusing on processing problems and how they interfer with academic performance. With the recognition of LD by the federal government, it was necessary to provide a definition for legislation establishing the new special education category. That definition was provided by the National Advisory Committee on Handicapped Children (NACHC), in 1968. The NACHC emphasized the notion of specific LD.
 
Dyslexia is  a specific LD that has a neurological origin. It is characterized by difficulties with accurate and/or fluent word recognition and by poor spelling and decoding abilities. These difficulties typically result from a deficit in the phonological component of language that if often unexpected in relation to other cognitive abilities. Ther common learning disabilities are dyscalculia, dysgraphia, auditory and visual processing disorders and non-verbal learning disabilities.
 
 

Bibliography:
Garret, Katherine, Thinking about Inclusion and Learning Disabilities: a teachers guide
Kavale, Keneth A., Forness, Steven R, What definitions of Learning Disabilitiy Say and don't say, a criticl analysis
National Center for Learning Disabilities, The State of the Learning Disabilities
 

Dificuldade de Aprendizagem. Que são? Como entendê-las?

"Quanto a nós, embora possamos considerar um conjunto de fatores, como o são a motivação e auto-estima do aluno e o envolvimento dos pais, entre outros, será a qualidade do ensino ministrado que fará a diferença. A paciência, o apoio e o encorajamento prestado pelo professor serão concerteza os impulsionadores do sucesso escolar do aluno, abrindo-lhe novas perspetivas para o futuro." Luís de Miranda Correia, in Dificuldade de Aprendizagem. Que são? Como entendê-las?, Coleção Educação, Porto Editora
 

Nos últimos 20 anos o número de alunos em Portugal com DA aumentou, tendo passado de umas dezenas de milhar para mais de uma centena de milhar. É um grupo heterogéneo, ao qual o apoio nas escolas falta, o que conduzirá a situações futuras de abandono escolar, delinquência, toxicodependência, alcoolismo, desemprego. Em Portugal continuamos a discutir o conceito, enquanto que nos EUA, por exemplo, desde 1962 que Samuel Kirk, considerado o pai das DA, o investiga.

Em Portugal usa-se o termo dificuldades de aprendizagem em dois sentidos distintos: o lato e o restrito. No sentido lato o termo diz respeito a todo o conjunto de problemas de aprendizagem; no sentido restrito refere-se à incapacidade ou impedimento para a aprendizagem numa ou mais áreas académicas, podendo até envolver a área socioemocional.

Mas, então, o que são as DA?

Numa perspetiva orgânica são desordens neurológicas que interferem com a receção, integração ou expressão de informação, caracterizando-se por uma discrepância acentuada entre o potencial estimado do aluno e  a sua realização escolar, isto é, a performance não é coincidente com o QI. Numa perspetica educacional diz respeito a uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, da escrita ou do cálculo, ou para a aquisição de aptidões sociais.
 
As DA não são o mesmo que deficiência intelectual, deficiência visual, deficiência aiditiva, perturbações emocionais, autismo!
 
Um aluno não terá dificuldades de aprendizagem (DA) quando os seus problemas de aprendizagem são devidos principalmente a uma privação sensorial, a deficiência intelectual, a perturbações emocionais, a fatores ambientais ou a diferenças culturais...
 
O que causa as DA?
 
As causas das DA mantêm-se desconhecidas na maioria dos casos. No entanto, presume-se que tenham a sua origem no sistema nervoso central, ou seja, têm uma origem neurológica.
 
Que fatores?
 
Os fatores podem ser pré natais, como hereditariedade, excesso de radiação, uso de álcool e/ou drogas durnate a gravidez, insuficiências placentárias, incomaptibilidade Rh com a mãe, parto prolongado ou difícil, hemorragias intracranianas durante o nascimento e anoxia, ou pós natais, como traumatismos cranianos, tumores, derrames cerebrais, malnutrição, substâncias tóxicas, negligência ou abuso físico.
 
Como identificar e a avaliar as DA?
 
A identificação deve ser o mais precoce possível através da observação cuidadosa dos comportamentos da criança por parte dos educadores e dos pais. Existe um conjunto de sinais contínuos e frequentes, que ao serem observados devem ser registados em  tabelas de verificação (Escala de Comportamento Escolar (Correia, 1983)/Lista de verificação do Centro nacional Americano para as Dificuldades de Aprendizagem (1997)).
Não existem indicadores isolados para a identificação das DA.
Todo o processo de identificação e avaliação deve ocorrer em colaboração, possibilitando a elaboração de uma primeira intervenção educativa. Devem ser determinados os serviços adicionais-Serviços de Educação Especial- necessários para maximizar o potencial do aluno. Deve ser constituída uma equipa multidisciplinar, que engloba os pais, o professor do aluno, o professor de Educação Especial, os médicos, o psicólogo, o terapeuta da fala, entre outros considerados necessários.
 
O aluno só deve ser considerado com DA se o seu funcionamento intelectual estiver na média ou acima dela; se existir uma discrepância significativa entre o seu potencial estimado e a sua realização escolar; e se o seu insucesso escolar for devido a problemas numa ou mais das seguintes áreas: fala, leitura, escrita, matemática  e raciocínio. Salienta-se ainda que problemas de concentração e de atenção, de memória e de ajustamento social são também comuns nos alunos com DA!
 
Que modalidades de atendimento/tipo de serviços para o aluno com DA?
 
A lei em Portugal requer que todo o aluno tenha acesso a um conjunto de serviços adequados às suas necessidades, na classe regular sempre que possível. Para os alunos com DA deve ser considerado um conjunto de fatores que podem facilitar/promover a sua parendizagem: a reestruturação do ambiente educativo, a simplificação das instruções das tarefas escolares, o ajustamento de horários, a alteração de textos e de trabalhos de casa, o uso das TIC, a alteração das propostas de avaliação e, quando necessário, serviços adicionais, como a psicologia, a terapia da fala, a terapia ocupacional, serviços clínicos e sociais.
 
in Dificuldade de Aprendizagem. Que são? Como entendê-las?, Luís Miranda Correia, Ana Paula Martins, Coleção Educação, Porto Editora