DAE-DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICAS
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As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação - a recebe, a integra, a retém e a exprime -, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, percetivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente", Luís de Miranda Correia
No livro sugerido no âmbito do mestrado em DAE, o autor começa por relembrar que há grandes homens e grandes mulheres que apresentaram um percurso escolar desastroso devido a dificuldades de aprendizagem específicas não diagnosticadas. No entanto, revelaram um excelente desempenho na vida adulta: Einstein, Allan Poe, Salvador Dalí...
Existem DAE subtis e DAE severas, ambas exigindo uma intervenção multidisciplinar e co-terapêutica, intervenção essa que deve ser integrada e sistémica. Ao longo dos tempos, muitos autores se têm debruçado sobre o tema, sendo comum encontrar outros sinónimos para DAE, como por exemplo, "desordem", "distúrbio", "perturbação", "transtorno", "discapacidade", entre outros.
Miranda Correia propõe uma definição que revela, acima de tudo, a sua preocupação com os alunos e com todos os intervenientes que têm de lidar com os alunos que apresentam DAE-pais, educadores, administradores, políticos,... A sua definição revela experiência e muito conhecimento.
A questão que coloca é: o que deve ser valorizado na definição de DAE para que se abra caminho a uma operacionalização que permita a implementação e o enriquecimento de programas para alunos com DAE? Apresentam-se assim parâmetros fundamentais:
a) as DAE ocorrem num contexto educacional adequado,
b) ilustram um perfil de descrepância entre o potencial de aprendizagem e o desempenho,
c) contêm fatores de exclusão e
d) consubstanciam fatores de inclusão.
Miranda Correia enfatiza o processamento de infomação, referindo que a origem neurológica das DAE deve ser cada vez mais um aspeto a considerar. Deve batalhar-se por "princípios de inclusão, de equidade, de respeito pela diferença e de individualização". O maior desafio que se apresenta é a qualidade do ensino, dos suportes e dos serviços proporcionados pelo sistema de ensino!
É assustador ler que 5% dos alunos portugueses têm DAE e que em Portugal as DAE ainda não são inseridas nas NEE (Necessidades Educativas Especiais).
"Será a forma como observamos e avaliamos os alunos com DAE que determinará o seu tipo de dificuldade de aprendizagem e a sua elegibilidade para os serviços de Educação Especial. O mesmo é dizer que, para terem sucesso, os alunos com DAE devem ser identificados o mais precocemente possível, através de observações e avaliações especializadas que levem a intervenções específicas que envolvam não só a escola, como também a família e a comunidade."
Aconselho vivamente a leitura deste livro a todos os pais e educadores!